Olá, neste post vou falar com mais
detalhes sobre a metodologia da escola EMEF Pres. Campos Salles.
Como eu disse no post
anterior os alunos não tem aulas, trabalham com roteiros elaborados pelos
professores.
O primeiro roteiro para
todos os alunos é sobre o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola que foi
construído em parceria com a comunidade e contém entre outras coisas os
princípios da escola e os dispositivos pedagógicos de acordo com a faixa etária
dos alunos. Daniela a coordenadora da escola nos contou: “O que está no PPP é
articulado pela coordenação com os professores o tempo todo para que aconteça
na prática. É um PPP real, não é burocrático, quando você lê o PPP e você vê a
escola funcionando você vê que o que está lá de fato ocorre”.
A partir do segundo
roteiro os alunos escolhem o roteiro que querem fazer. Cada aluno termina no
seu tempo, que pode variar de dois dias a uma semana. Quando terminam é feita
uma avaliação oral com o professor. Mas o professor está o tempo todo passando
nas mesas e observando o desempenho dos alunos, se eles não estão copiando do
colega entre outras observações. Quando o aluno tem dúvida primeiro
ele pergunta para os seus colegas de equipe. Se não souberem resolver ele
levanta a mão e chama o professor.
Quando o aluno termina o
roteiro é feita um avaliação. Caso o professor na avaliação perceba que o aluno
ainda tem algum conceito que não atingiu orienta o aluno a rever a
atividade e refazer. Se o aluno passar na avaliação, escolhe outro roteiro e se
junta a uma equipe que está com o mesmo roteiro que ele. Os professores usam
como referência para elaboração dos projetos a Base Curricular Nacional e o
Direito de Aprendizagem da Prefeitura. Mesmo com as escolhas dos temas esse
currículo é seguido.
Tem quatro tipos de
roteiro. Integrado, é o roteiro que citei acima. O roteiro intermediário que é
para o estudante que está no início do processo de alfabetização. O roteiro
avançado para os estudantes com dificuldades de aprendizagem. E os roteiros
temáticos que pode ser sobre algo que está acontecendo na comunidade, este
roteiro dura um dia e todos os alunos do salão realizam ao mesmo tempo.
Acontecem também
oficinas para a construção de conceitos. Tem oficinas de produção de texto, de
Matemática, de Inglês e Artes. Trabalham com um roteiro mais enxuto que vai
explicando sobre o tema. As oficinas são feitas em grupos menores, em
salas menores. No final da oficina tem uma proposta para o estudante realizar.
As notas são dadas no
dia do conselho de classe com a participação dos estudantes e professores. “A
gente senta para conversar sobre o processo de cada estudante e juntos
atribuímos uma nota para cada processo. O sonho é fazer um relatório, descrever
o processo” disse a coordenadora Daniela.
A Campos Salles possui
uma Comissão Mediadora que é responsável pela resolução de conflitos. Em toda
escola há conflitos e lá não é diferente. Crianças brigam e pais são chamados
para conversar. Lá eles são recebidos e conversam com 10 alunos da mesma idade
do seu filho, mediados pela coordenação e pelos professores. Mas são raros os
casos que isso acontece. Isso porque os conflitos são resolvidos antes de
precisar chamar os pais. Após os alunos que brigaram se acalmarem afinal
ninguém consegue conversar durante uma briga, são convocados pela
comissão mediadora, cada sala tem a sua comissão. Eles conversam, ouvem, falam
o que pode ser feito para melhorar e cada membro da comissão falam uma
qualidade dos alunos que brigaram. É a partir do 4º ano que essa comissão
participa ativamente das tomadas de decisões, nos anos anteriores os alunos
estão se constituindo então os adultos interferem bastante.
Há também a República
dos Estudantes, pode se candidatar quem participa da Comissão Mediadora. É
formada por um prefeito, um secretário da comunicação, vereadores escolhidos
por votação. Essa Republica cuida dos interesses dos alunos e do bom
funcionamento da escola. O que eles propõem e aprovam e transformado em lei e é
colocado em prática.
Acontecem também
Assembleias para estipular uma regra ou decidir uma ação. Sempre é decidida em
votação por todos os alunos da escola.
Como em toda escola tem
reprovação. A coordenadora Daniela nos contou como funciona. “Não é unilateral,
a decisão do estudante também conta, vamos ter uma conversa com ele, com a
família, a equipe gestora. A opinião do estudante não é decisiva, quem decide é
a equipe pedagógica da escola mais ele é ouvido. No ano passado tivemos um
aluno do 3º que estava relutante, disse que ia melhorar. Não o reprovamos e
este ano ela avançou muito.”
Como em escolas
tradicionais os alunos levam lição para casa. Uma aluna da Comissão Mediadora
nos disse: “Às vezes a professora coloca conta pois esta passando nas mesas e
vê que tem gente que tá com dificuldade de fazer, aí coloca conta de mais,
menos, de dividir ou vezes”.
Os alunos de inclusão
são beneficiados nesta metodologia já que a inclusão acontece
organicamente, respeita o ritmo e o tempo do estudante.
Vale a pena ir conhecer
essa escola e ver de perto esta metodologia inovadora.
Segue um vídeo que mostra a escola EMEF Pres. Campos Salles e fala um pouco sobre sua metodologia: