Boa tarde queridos amigos!
Hoje, é com muita alegria que compartilhamos com vocês a entrevista realizada com o Sr. Paulo Topa, que há 13 anos atua como Coordenador do Núcleo da Consolidação da Escola da Ponte em Portugal.
Abaixo nossas perguntas e as repostas (sem edição) do Sr. Paulo.
Quais são suas responsabilidades?
Coordeno um grupo de professores e as atividades dos alunos que estão no Núcleo. Por outro lado, acompanho esses alunos na parte das Ciências da Natureza de forma mais próximas.
É ex-aluno da Escola da Ponte?
Não. Sempre andei em escolas absolutamente tradicionais, mas um dos colegas de Educação Física é ex-aluno.
A Escola da Ponte trabalha somente com alunos que apresentam dificuldades comportamentais e emocionais?
Não. Temos alunos de todas as formas e feitios. Felizmente, a maioria não apresenta problemáticas muito especiais, mas temos muitos que sim.
Qual é maior dificuldade na relação aluno-professor, aluno-aluno enfrentado no dia-a-dia na Escola da Ponte?
É complicado responder a isto, porque, felizmente, são muito poucos os problemas. Os que existem aparecem no início do ano, quando recebemos alunos que vieram de outras escolas na esperança que nós façamos “milagres”. Nesses casos, por vezes, demora algum tempo até eles perceberem que a Ponte tem outra lógica e outra linguagem. Normalmente, o processo é relativamente rápido.
"É fato que ninguém gosta de ser obrigado a fazer qualquer trabalho. As obrigações implicam ordens, e a ordem, sob a forma autoritária, suscita muitas vezes uma oposição de quem a sofre. Cabe-nos procurar uma pedagogia que permita que os alunos escolham quase sempre a direção pela qual devem seguir". Trecho tirado do livro A Escola da Ponte Sob Múltiplos Olhares. Você poderia nos dar exemplo de um projeto que os alunos realizam, focando nas tomadas de decisões dos educandos?
São muito poucas as coisas que são impostas aos alunos na Ponte. É mesmo muito raro ser necessário impor alguma coisa. Até porque não queremos fazer isso e dialogamos sempre com os alunos.
Neste momento, temos uma aluna que começou a fazer pequenas biografias de mulheres que tenham tido uma importância mais marcada no mundo; alunos que estão a trabalhar a poluição dos oceanos de forma mais aprofundada; uma aluna que quis perceber como é que os comboios de alta velocidade japoneses funcionam; no âmbito da ecologia surgem imensas coisas; trabalhos mais relacionados com desportos que eles praticam; estamos a desenvolver um projeto com o Museu de Serralves….
O professor trabalha em período integral na Escola da Ponte e às vezes mora longe. Acaba sendo um trabalho cansativo. Com essa carga horária extensa, o professor consegue fazer uma reflexão rigorosa da sua prática?
Tudo depende do que professor pretende. No meu caso específico, acho que é muito menos cansativo trabalhar na Ponte. Se quisesse atingir os mesmos objetivos utilizando uma metodologia mais “tradicional” desgastar-me-ia muito mais. Por outro lado, só a parte de manter o silêncio e de controlo de comportamentos desgasta qualquer um….
Existem mais escolas com a metodologia da Escola da Ponte em Portugal?
Existem alguns colégios que apresentam pontos em comum e há muitos colegas que trabalham seguindo o modelo do Movimento da Escola Moderna (nas suas turmas) com muitos pontos de contacto.
O que você considera importante falar sobre a Escola da Ponte? Por quê?
A Ponte consegue, efetivamente, individualizar o trabalho e creio que não há nenhum aluno que deteste ir para a escola. Pode não gostar de se levantar cedo, mas, no fundo, gosta de ir para a escola.
Caso tenha algo a acrescentar, sinta-se à vontade.
Não tenho nada de muito especial a acrescentar, mas, se quiserem, coloquem novas questões a partir do que escrevi. Por outro lado, não se esqueçam que esta é a minha visão das coisas. Não reflete propriamente a visão da Escola da Ponte.